Esta hepática, um dos grupos das briófitas para além dos musgos e antocerotas, forma grandes tufos de folhas muito crispadas, que lembram mini-alfaces robustas e justapostas, de um verde muito vivo, com dimensões até 4 cm de comprimento e 7 mm de largura. Os filídeos (pequenas folhas) são frisado-ondulados e os caulóides (pequenos caules) têm abundantes rizóides (pequenas raízes) cor de vinho, fortemente aderentes ao solo onde cresce.
Sendo uma espécie dióica, apresenta populações masculinas (estruturas esféricas e amarelas) separadas das femininas (estruturas que quando fertilizadas dão origem às cápsulas).
A reprodução da Fossombronia angulosa ocorre principalmente por meio sexuado, o que envolve a formação de esporos castanhos produzidos em estruturas chamadas esporângios (pequenas cápsulas escuras como se vê na fotografia). Esses pequenos esporos são libertados no ambiente e, quando encontram condições adequadas, germinam e formam novas plantas.
Em Portugal, tal como em muitos outros países europeus, esta espécie ocorre sempre em territórios perto da influência costeira, revelando um carácter oceânico. No Parque Biológico de Gaia surge nos taludes e muros, nos lugares mais ou menos húmidos, sendo uma das espécies mais vulgares e robustas do género, inconfundível pelo seu maior porte.
Nas condições mais favoráveis, as populações de F. angulosa podem ser bastante extensas, formando tufos especialmente conspícuos no fim do inverno e início da primavera. Sendo plantas que não possuem vasos condutores de água como as plantas vasculares, dependem da absorção direta da água através das células de qualquer parte do seu corpo. Esta hepática desempenha um papel vital na prevenção da erosão do solo e retenção de humidade, proporcionando habitats para microrganismos e pequenos invertebrados.
As briófitas representam um ramo ou linhagem na história evolutiva das plantas terrestres, apresentando algumas semelhanças com certas espécies de algas marinhas. Surpreendentemente, na espécie F. angulosa foram descobertos compostos semelhantes aos encontrados em algas marinhas, denominados acetogeninas. Esta semelhança química exprime a ligação evolutiva entre certas famílias de hepáticas e algas, realçando a intrincada rede de relações que existe no mundo das plantas e organismos aquáticos e terrestres, assim como a importância crítica de preservar e apreciar mesmo os elementos mais discretos, mas vitais, do nosso meio natural.
Texto: Cristiana Vieira (MHNC-UP) e Helena Hespanhol (BIOPOLIS/CIBIO-InBIO/MHNC-UP). Foto: Cristiana Vieira (MHNC-UP)
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