Hepática talosa de cor verde-brilhante com talos bifurcados e margens onduladas.
A superfície superior (dorsal) dos talos (gametófito) é reticulada, com poros simples e proeminentes e a superfície inferior (ventral) apresenta escamas hialinas semilunares. Em estado seco, o talo torna-se amarelado e as margens encurvam.
A olho nu, distingue-se facilmente pela presença de numerosos propágulos verdes em forma de disco que se encontram agrupados e protegidos por escamas (receptáculos propagulíferos) com forma semilunar que fazem lembrar pequenos “smiles”, daí o nome comum de “hepática das meias-luas”. Quando chove, as gotas de água caem nestas estruturas e transportam esses propágulos vegetativos que têm a capacidade de formar uma nova planta (que é um clone da que lhe deu origem) em novos locais.
É uma espécie que raramente apresenta cápsulas, porém, quando as desenvolve, estas estruturas surgem em receptáculos que se elevam através de uma haste como que lembrando pequenos guarda-chuvas. As cápsulas dispõem-se em forma de uma cruz, surgindo de quatro invólucros tubulosos horizontais dispostos perpendicularmente, daí o nome científico “cruciata”.
Atualmente, estão a realizar-se vários estudos que demonstram que esta hepática, tal como outras plantas, estabelece uma relação de simbiose com múltiplos grupos de fungos. Um dos benefícios que as briófitas parecem obter desta simbiose é o aumento do número de estruturas reprodutoras e da produção de gemas, enquanto o fungo recebe uma porção dos produtos da fotossíntese, como hidratos de carbono. Para além disso, esta hepática tem sido alvo de estudos que comprovam o seu potencial antibiótico face a diferentes microrganismos.
Em Portugal, esta espécie é bastante comum sobre terra fresca, paredes e rochas húmidas. Encontra-se facilmente em jardins urbanos e estufas e é vulgarmente considerada como planta infestante das estufas de horticultura. No Parque Biológico de Gaia pode ser facilmente observada em muros húmidos.
Texto: Helena Hespanhol e Cristiana Vieira (CIBIO-InBIO)
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 46.
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