Trata-se de um musgo de cor verde-acastanhada, lembrando minúsculas cordas, com brilhos acobreados fortes, que podem atingir os 15 cm de comprimento.
Na parte basal, os caulóides (pequenos caules) podem estar desprovidos de filídeos, tal como pode acontecer em muitas outras plantas aquáticas, devido à ação abrasiva da água. Os filídeos são côncavos e crescem próximos, sobrepondo-se como telhas e possuem muitos dentes pequenos ao longo de toda a margem. Este musgo, robusto e prolífero, revela uma grande resistência e especificidade de habitat, sendo uma espécie com tendência à submersão em água doce corrente.
Reveste geralmente áreas do leito que estão sujeitas à passagem rápida das correntes de água, mas estáveis, como rochas ou troncos e raízes expostas.
No Parque Biológico de Gaia, surge no leito do rio Febros, mas também em pequenas linhas de água e nas fontes, tanques e represas com água corrente.
Tal como outras plantas aquáticas, este musgo descende de espécies terrestres que se foram adaptando, geração após geração, a colonizar o meio aquático. Por outro lado, esta espécie apresenta populações com aspetos macroscópicos muito diferentes, consoante as características físico-químicas da água e da corrente em que os tufos crescem. A variabilidade morfológica, também denominada de plasticidade fenotípica, observável nesta espécie está relacionada com o seu versátil património genético, que se expressa de formas diferentes, consoante o meio envolvente e o tipo de stress fisiológico a que está sujeita.
Devido a esta variabilidade morfológica, mas também porque apresenta uma ampla distribuição mundial, a classificação taxonómica desta planta tornou-se um processo complicado e historicamente longo: em livros de Briologia (parte da ciência que se dedica ao estudo das briófitas – musgos, hepáticas e antocerotas) existem 33 sinónimos em latim conhecidos para esta planta.
Por outro lado, por ser uma planta frequente em cursos de água um pouco por todos os países do Hemisfério Norte, cada país tem vindo a atribuir um nome comum para esta espécie, o que é pouco normal para a maior parte das espécies de briófitas (eg. musgo pena-de-água de bico longo, musgo-da-berma-da-água). Devido ao aspeto justaposto dos caulóides muito organizados e lineares e o habitat aquático, o nome comum inglês desta espécie corresponde a “musgo-pluma-de-água”.
Este musgo é também conhecido na ciência pelas suas capacidades de resistência e acumulação de poluentes, sendo muito utilizado em estudos de transplantes de plantas com a finalidade de avaliar a poluição aquática. Por esta razão, é um ótimo sensor de poluição aquática que pode ser comparado pelos cientistas de vários países que monitorizam a qualidade da água através de biosensores.
Afinal, parece que a Natureza tem agentes infiltrados na água... procure-os no Parque Biológico de Gaia!
Texto: Helena Hespanhol e Cristiana Vieira (CIBIO-UP). Fotos: Cristiana Vieira.
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 51.
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