Este musgo forma colónias verde-amareladas ou até douradas, com caules irregularmente ramificados que variam consideravelmente em tamanho – há formas maiores com vários centímetros de comprimento, mas também é típico serem muito menores.
Cada um dos ramos costuma ser arqueado, curto e grosso, mas também é comum encontrar ramos mais longos e menos arqueados e aguçados. Os ramos quando estão húmidos ficam inchados e cilíndricos, mas ficam bastante finos quando secos. Estas colónias podem ter os caules muito arranjados de forma regular ou parecer mais “despenteados”, mas são sempre formadas por caules e ramos achatados no substrato onde crescem. Esta descrição tão ampla do aspeto desta espécie demonstra o quão variável pode ser uma mesma espécie, dependendo do local onde cresce e do seu grau de hidratação, daí ser necessário conhecer toda esta variabilidade quando se estuda este grupo taxonómico.
O habitat desta planta inclui todo o tipo de locais abertos ou parcialmente sombreados como relva, solo pedregoso, rochas, muros, taludes rochosos ou terrosos e topos de falésias. Prefere lugares quentes e secos e até consegue ocorrer nas paredes das fumarolas das ilhas mediterrânicas.
No Parque Biológico de Gaia é facilmente observável e surge um pouco por todos os muros graníticos e taludes de terras descalcificadas.
É uma espécie com distribuição mundial disjunta, dado que apresenta populações amplamente separadas entre si do ponto de vista geográfico, restrita à América do Norte ocidental, região mediterrânea da Europa, Norte da África e Sudoeste da Ásia.
Morfologicamente, as populações desta espécie dos dois lados do mundo não apresentam diferenças. Porém, segundo estudos filogenéticos (que envolvem o estudo de muitas populações e o seu ADN), chegou-se à conclusão que inicialmente esta espécie existia apenas na Europa, Norte da África e Sudoeste da Ásia.
Só mais tarde (< 1 Milhão de anos) é que chegou à América do Norte ocidental, como consequência da sua estratégia de dispersão a longas distâncias, através de esporos muito pequenos e leves. Este exemplo é um dos muitos que demonstra que as espécies de musgo, devido à sua capacidade de dispersão a longa distância, tendem a apresentar distribuições mais cosmopolitas e em faixas geográficas muito mais amplas do que as espécies de plantas vasculares com sementes.
Afinal, no mundo dos musgos, nem todas as diferenças e nem um oceano de distância conseguem separar os membros da mesma espécie.
Texto: Cristiana Vieira (MHNC-UP) e Helena Hespanhol (InBIO-CIBIO-UP). Foto: Sónia Ferreira.
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 55.
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