À medida que a época das chuvas se intensifica, as briófitas (musgos e hepáticas) ganham outro destaque e muitas paisagens e habitats ficam luxuriantemente verdes. Nesta estação de inverno, destacamos uma pequena planta que, com as chuvas mais frequentes, parece ressuscitar, pois torna-se mais visível. Porém, com o tempo mais quente e seco é mais raramente encontrada, dado que o talo seco e acastanhado se confunde com a cor da terra e se enrola de modo a facilitar a sua sobrevivência em condições mais secas.
Esta espécie é uma hepática, uma planta talosa de cor verde-clara e de aspeto aveludado quando molhada, que cresce sob a forma de pequenas colónias, formando rosetas até 2 cm de diâmetro. Os talos são carnosos, bifurcados, com um sulco estreito e profundo na parte central do talo, mais evidente por vezes no ápice dos talos. Neste género, a superfície dorsal (superior) é incapaz de absorver água e é apenas a superfície ventral que pode absorver água através da ação capilar de rizóides e escamas. Em estado seco, o talo enrola ou dobra, expondo assim as escamas da face inferior do talo que proporcionam uma superfície refletora para proteger o talo da perda de água na estação quente. Devido ao aspeto brilhante das escamas ao sol, esta espécie tem o nome comum de “hepática-cristal”.
Algumas espécies do género Riccia são capazes de sobreviver até 7 anos num estado desidratado, suportando temperaturas elevadas. No entanto, apesar de resistente à secura, os talos têm uma relativamente vida curta. Para compensar, esta espécie produz enormes quantidades de esporos que podem persistir no solo durante alguns anos até germinar e prosperar, tirando partido de pequenos animais para ajudar à dispersão.
Em Portugal, esta espécie é bastante comum sobre terra húmida, rica em nutrientes. Cresce em solos abertos, arrelvados, campos e margens de caminhos, desde as terras baixas até às montanhas. No Parque Biológico de Gaia pode ser facilmente observada em solo húmido. Um estudo recente concluiu que Riccia sorocarpa poderia ser um bom bioindicador de metais pesados no ambiente e em particular no solo.
Seguindo uma filosofia da medicina mais antiga denominada “Doutrina das Assinaturas”, em que os herbalistas usavam os órgãos vegetais para curar os órgãos humanos que se assemelhavam, as espécies do género Riccia foram anteriormente usadas nos Himalaias para tratar uma dermatite fúngica, devido à semelhança dessa hepática com as manchas em forma de anel que surgem na pele como resultado da infeção fúngica. Talvez estejam ainda por explorar as capacidades terapêuticas de muitas espécies de plantas, incluindo hepáticas, mas a capacidade desta espécie controlar a sua própria sobrevivência e saúde através das estações do ano está mais do que provada.
Texto: Helena Hespanhol e Cristiana Vieira (CIBIO-UP). Foto: Cristiana Vieira (CIBIO-UP).
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 64.
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